“Há mais de um jeito de queimar um livro”
Ray Bradbury
Por
Adriane Garcia
Fahrenheit
451, livro de ficção científica, distopia escrita por Ray Bradbury, narra a
história de Guy Montag, um bombeiro que, ao invés de apagar fogo, coloca-o. Os
bombeiros, em uma época em que as casas já não queimam mais, dedicam-se a queimar
os livros daqueles que insistem em ter em casa esses objetos proibidos e anacrônicos.
O
conflito do protagonista com sua função começa a se manifestar quando ele se
encontra casualmente com Clarisse, uma menina que faz perguntas, gosta de
diálogos e conversas. A personalidade de Clarisse e o indício de que sua
família cultiva os mesmos gostos que ela sugerem que se trata de um grupo
transgressor. Ser transgressor, na sociedade que Bradbury retrata, é ousar
pensar, dedicar-se a ouvir o outro, ler. O aceitável é a cultura de massa, o
pensamento único e uniformizado, a delação e a censura.
Publicado
em meados do século XX, o livro aponta as observações que o autor vinha fazendo
da sociedade norte-americana, no início da Guerra-Fria. Levada ao extremo, a
sociedade retratada em Fahrenheit 451, mostra o empobrecimento das relações
tomadas pelo uso da tecnologia sem estímulo ao pensamento. A consciência crítica
diminui drasticamente até se transformar em traição ao Estado.
Guy
Montag terá sua vida modificada por fazer o exercício de pensar, por achar os
livros irresistíveis, por saber que há algo neles que não pode (mas precisa)
ser contado. Ao final, uma emocionante surpresa sobre resistência, sem
necessariamente ser uma esperança.
Essencial
para dias perigosamente fascistas, como os que vivemos.
***
Fahrenheit451
Ray Bradbury
Romance
Ed. Globo
2009
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