Por Adriane Garcia
O livro O
feminismo é para todo mundo (ed. Rosa dos Tempos), de Bell Hooks, trabalha em
linguagem simples (um objetivo declarado da autora) um pouco da história e crítica do
feminismo contemporâneo, com ênfase no feminismo visionário, ou seja, aquele que
não quer nenhuma espécie de sexismo, nem do homem sobre a mulher, nem da mulher
sobre o homem, buscando a igualdade social, política e uma cultura de colaboração.
Para além
das reformas que o feminismo já alcançou e quer alcançar, Bell Hooks destaca
que o sistema capitalista patriarcal de supremacia branca é a estrutura central sobre a
qual o sexismo se estabelece, de maneira que é necessário derrotá-lo. Deste
modo, o livro discute também a questão de raça dentro do movimento feminista e os
desdobramentos de conflito quando a demanda de mulheres brancas que já alcançaram
postos na estrutura do sistema não coincide com a demanda das mulheres
trabalhadoras pobres e/ou negras, para quem o trabalho existe desde que o mundo
é mundo, mas é trabalho que jamais libertou essas mulheres.
A autora,
em capítulos curtos, discute os tópicos “políticas feministas”, “conscientização”,
“a sororidade ainda é poderosa”, “educação
feminista para uma consciência crítica”, “nosso corpo, nosso ser, direitos
reprodutivos”, “beleza por dentro e por fora”, “luta de classes feminista”, “feminismo
global”, “mulheres trabalhando”, “raça e gênero”, “pelo fim da violência”, “masculinidade
feminista”, “maternagem e paternagem feministas”, “casamento e companheirismo
libertadores”, “uma política sexual feminista”, “alegria completa: lesbianidade
e feminismo”, “amar novamente: o coração do feminismo”, “espiritualidade
feminista”, “feminismo visionário”.
Um livro
interessante, excelente, inclusive, para quem estiver se iniciando no assunto,
já que o feminismo é um dos mais importantes movimentos e temas de nossa época.
"Se mulheres e homens querem conhecer o amor, precisamos aspirar ao feminismo. Porque sem o pensamento e a prática feministas não temos a base necessária para criar laços de amor. No início, profundas frustrações nos relacionamentos heterossexuais levaram várias mulheres a aderir individualmente à libertação da mulher. Várias dessas mulheres se sentiram traídas pela promessa de amor e felicidade para sempre quando elas se casaram com homens que rapidamente se transformaram de príncipes charmosos a senhores feudais patriarcais. Essas mulheres heterossexuais trouxeram para o movimento sua amargura e raiva. Elas juntaram seu coração partido com o de mulheres lésbicas que também se sentiram traídas em laços românticos fundamentados em valores patriarcais. Consequentemente, quando a questão era o amor, o ideal feminista no início do movimento era de que a liberdade da mulher existiria somente se as mulheres se desapegassem do amor romântico.
Nosso anseio por amor, conforme ensinadas nos grupos de conscientização, era uma armadilha sedutora para nos manter apaixonadas por amantes patriarcais, homens ou mulheres, que usavam aquele amor para nos dominar e subordinar. (...)" p. 145/146
"Se mulheres e homens querem conhecer o amor, precisamos aspirar ao feminismo. Porque sem o pensamento e a prática feministas não temos a base necessária para criar laços de amor. No início, profundas frustrações nos relacionamentos heterossexuais levaram várias mulheres a aderir individualmente à libertação da mulher. Várias dessas mulheres se sentiram traídas pela promessa de amor e felicidade para sempre quando elas se casaram com homens que rapidamente se transformaram de príncipes charmosos a senhores feudais patriarcais. Essas mulheres heterossexuais trouxeram para o movimento sua amargura e raiva. Elas juntaram seu coração partido com o de mulheres lésbicas que também se sentiram traídas em laços românticos fundamentados em valores patriarcais. Consequentemente, quando a questão era o amor, o ideal feminista no início do movimento era de que a liberdade da mulher existiria somente se as mulheres se desapegassem do amor romântico.
Nosso anseio por amor, conforme ensinadas nos grupos de conscientização, era uma armadilha sedutora para nos manter apaixonadas por amantes patriarcais, homens ou mulheres, que usavam aquele amor para nos dominar e subordinar. (...)" p. 145/146
***
O
feminismo é para todo mundo
Políticas
arrebatadoras
Bell Hooks
Teoria feminista
ed. Rosa
dos Tempos
2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário