domingo, 12 de maio de 2019

O feminismo é para todo mundo, políticas arrebatadoras – Bell Hooks




Por Adriane Garcia
O livro O feminismo é para todo mundo (ed. Rosa dos Tempos), de Bell Hooks, trabalha em linguagem simples (um objetivo declarado da autora) um pouco da história e crítica do feminismo contemporâneo, com ênfase no feminismo visionário, ou seja, aquele que não quer nenhuma espécie de sexismo, nem do homem sobre a mulher, nem da mulher sobre o homem, buscando a igualdade social, política e uma cultura de colaboração.

Para além das reformas que o feminismo já alcançou e quer alcançar, Bell Hooks destaca que o sistema capitalista patriarcal de supremacia branca é a estrutura central sobre a qual o sexismo se estabelece, de maneira que é necessário derrotá-lo. Deste modo, o livro discute também a questão de raça dentro do movimento feminista e os desdobramentos de conflito quando a demanda de mulheres brancas que já alcançaram postos na estrutura do sistema não coincide com a demanda das mulheres trabalhadoras pobres e/ou negras, para quem o trabalho existe desde que o mundo é mundo, mas é trabalho que jamais libertou essas mulheres.

A autora, em capítulos curtos, discute os tópicos “políticas feministas”, “conscientização”, “a sororidade ainda é poderosa”,  “educação feminista para uma consciência crítica”, “nosso corpo, nosso ser, direitos reprodutivos”, “beleza por dentro e por fora”, “luta de classes feminista”, “feminismo global”, “mulheres trabalhando”, “raça e gênero”, “pelo fim da violência”, “masculinidade feminista”, “maternagem e paternagem feministas”, “casamento e companheirismo libertadores”, “uma política sexual feminista”, “alegria completa: lesbianidade e feminismo”, “amar novamente: o coração do feminismo”, “espiritualidade feminista”, “feminismo visionário”.

Um livro interessante, excelente, inclusive, para quem estiver se iniciando no assunto, já que o feminismo é um dos mais importantes  movimentos e temas de nossa época.

"Se mulheres e homens querem conhecer o amor, precisamos aspirar ao feminismo. Porque sem o pensamento e a prática feministas não temos a base necessária para criar laços de amor. No início, profundas frustrações nos relacionamentos heterossexuais levaram várias mulheres a aderir individualmente à libertação da mulher. Várias dessas mulheres se sentiram traídas pela promessa de amor e felicidade para sempre quando elas se casaram com homens que rapidamente se transformaram de príncipes charmosos a senhores feudais patriarcais. Essas mulheres heterossexuais trouxeram para o movimento sua amargura e raiva. Elas juntaram seu coração partido com o de mulheres lésbicas que também se sentiram traídas em laços românticos  fundamentados em valores patriarcais. Consequentemente, quando a questão era o amor, o ideal feminista no início do movimento era de que a liberdade da mulher existiria somente se as mulheres se desapegassem do amor romântico.
  Nosso anseio por amor, conforme ensinadas nos grupos de conscientização, era uma armadilha sedutora para nos manter apaixonadas por amantes patriarcais, homens ou mulheres, que usavam aquele amor para nos dominar e subordinar. (...)" p. 145/146




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O feminismo é para todo mundo
Políticas arrebatadoras
Bell Hooks
Teoria feminista
ed. Rosa dos Tempos
2019

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