Está certo: eu comecei a ler O
apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, por ser um livro obrigatório
na história da literatura e, também, motivada pelo fato de que o escritor Paulo
Bentancur insistiu demais, mas...
... o
livro é daqueles que você pega e não quer mesmo largar. A partir daqui você
passa a lê-lo apenas por que precisa continuar lendo.
O discurso, em primeira pessoa, é
natural e fluido, durante todo o tempo. A atmosfera, absolutamente convincente.
O apanhador
no campo de centeio narra um fim de semana na vida de Holden Caulfield, jovem vindo
de uma família abastada de Nova York. Holden, estudante de um rico internato
para rapazes, tem que voltar para casa mais cedo, no inverno, depois de ter sido
expulso (ele já havia sido expulso de outras escolas, outras vezes, e os pais
esperavam por um progresso escolar). Porém, Holden não regressa imediatamente
para o lar. Entre sexta e segunda-feira (sim, o romance inteiro se passa em quatro dias!), ele perambula por hotéis, cafés,
parques... nós, leitores, o acompanhamos na sua inadaptação, na tentativa de
ser um adulto, na solidão de uma criança solta no mundo e no enfrentamento do
ser consigo mesmo, quando se tem apenas 16 anos e não se gosta de quase nada do
que se vê.
É uma história que mostra como os adolescentes pensam e sofrem, como buscam o afeto,
sem a hipocrisia dos enfeites, dos disfarces.
Compassivos
com o protagonista, perguntamo-nos sobre o que poderá salvá-lo na linha tênue
em que se encontra, torcemos por ele, queremos gritar e gostaríamos que ele
escutasse que não pode ser tudo tão ruim assim. Mas não gritamos. Esse é um daqueles que nos deixa por um bom tempo, depois que terminamos, em silêncio.
Uma
dolorida e emocionante aventura acompanhar a dureza que é crescer.
nossa - estou tão limitada para ler livros - aqui no computador muita vez aumento as letras, mas fico zonza com este olho que não me obedece - o pior é que adio sempre o telefonema para o cirurgião...
ResponderExcluirdicas sempre ótimas do paulo - de ti também. besos
líria porto
(antes que entre aquele burrico do blogue espiatório, assino)
Bela postagem, Adriane. Fiel ao que o livro é, e isso que não é fácil escrever uma resenha acerca da obra-prima de Salinger. Ele foi além do esperado rito de passagem da adolescência rumo a uma juventude mais madura. Fixou esse torvelinho emocional, afetivo. E deu um banho, em termos de linguagem, em 80% dos que assinam seus augustos nomes em volumes apinhados de insinceridades literárias, em discursos, em performances verbais. Lembro quando li essa maravilha. Se tinha uma coisa que o livro NÃO parecia, era ser uma maravilha, tão direto, tão simples, tão honesto... e tão revelador. Uma semana depois que eu o havia lido, caiu a ficha. E o reli. ERA uma maravilha, só que se negando a ter a aparência de uma. Teus post diz e-xa-ta-men-te o que o livro é. E olha que não é mole mesmo dizer, afinal, qual o segredo de O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO e sua consagração. Até no estilo de comentá-lo, tu acompanhas a simplicidade corajosa e humaníssima do romance. Por isso sigo este blog.
ResponderExcluirAdriane, sua resenha é, para mim, mais é um convite para ler sem falta (e com muito atraso, confesso) esta obra obrigatória de J. D. Salinger. Grata pela gentileza. beijos
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