Editora: Biblioteca Pública do Paraná
Sérgio
Y vai à América
De
Alexandre Vidal Porto (Prêmio Paraná de Literatura 2012. Sairá em breve uma edição pela Cia das Letras)
Mais
que merecidos são os prêmios e os leitores que esse livro ganha. Nas primeiras
páginas você já é encaminhado para o personagem narrador e sente que lhe será
revelado um segredo, talvez a chave de um grande mistério. E, na sequência,
começa a temer que nem você, leitor, nem o protagonista, o psiquiatra Armando,
conseguirão chegar à verdade. Não é possível parar esta leitura de Sérgio Y.
vai à América.
Deixo
aqui uma amostra dessa narrativa que flui e nos fisga:
” Quero deixar claro que não
gostaria, a esta altura da vida, de expor a intimidade de uma pessoa que
confiou sua privacidade a mim. No entanto, se comento esse caso clínico e, de
alguma maneira, falto com o meu juramento profissional, é pela mais meritória das
razões.
Meus olhos não foram cegos. Minha língua não calou aos segredos que me foram revelados. Eu sei. Mas tenho princípios. Minha intenção, ao contar esta história, nada tem de nocivo. Quero tornar-me um médico melhor e um ser humano mais íntegro. Quero apenas aprender.
O paciente sobre quem falarei chegou ao meu consultório recomendado pela diretora da escola em que estudava, minha amiga dos tempos de faculdade. Em sua mensagem de email, ela me dizia que me procuraria um aluno de 17 anos, “articulado, inteligente e confuso”. Segundo ela, seria um“caso interessante”. Eu levei suas palavras em consideração.”
Meus olhos não foram cegos. Minha língua não calou aos segredos que me foram revelados. Eu sei. Mas tenho princípios. Minha intenção, ao contar esta história, nada tem de nocivo. Quero tornar-me um médico melhor e um ser humano mais íntegro. Quero apenas aprender.
O paciente sobre quem falarei chegou ao meu consultório recomendado pela diretora da escola em que estudava, minha amiga dos tempos de faculdade. Em sua mensagem de email, ela me dizia que me procuraria um aluno de 17 anos, “articulado, inteligente e confuso”. Segundo ela, seria um“caso interessante”. Eu levei suas palavras em consideração.”
Ah,
daqui para a frente, sua curiosidade, sua humanidade ficarão focadas no destino
que terá tomado Sérgio Y., o garoto que aparece queixando-se de uma
infelicidade existencial e, em poucas sessões, dá por resolvido o seu problema,
mas não conta a solução para o terapeuta, apesar de deixar claro que sem ele
jamais teria chegado à resolução mais importante de sua vida. E a solução, a
solução nos faz pensar sobre como a felicidade é uma trajetória individual, que
colhe das ajudas necessárias os degraus para subir, mas sobe sozinha. Sérgio Y.
é um dos personagens mais corajosos que eu já conheci.
Sérgio
Y vai à América, de Alexandre Vidal Porto, é uma história que mostra como as
nossas vidas se cruzam com as dos outros, como a nossa redenção depende da redenção
do outro. Um livro altamente contemporâneo, no que a contemporaneidade tem de
melhor, sem deixar para trás a tradição de um tipo de literatura que quer,
sobretudo, comunicar. Um relato humano fantástico, terminando de uma forma
comovente e surpreendente que, é claro, eu não posso contar. Terminei o livro
em prantos. Li-o em quatro horas. Leiam. É um livro capaz de mudar conceitos,
para melhor.
Adriane Garcia.
Se todo livro de fato bom recebesse um comentário à altura, a literatura de ficção estaria gozando de ótima saúde e a crítica também. É o caso deste romance de Alexandre Vidal Porto e da ótica com que a escritora Adriane Garcia o resenhou. Duplo presente (e dica valiosa) para os leitores, atualmente, se dependerem de indicações, sem boas opções. Aqui tem uma. E como tem!
ResponderExcluirObrigada, Paulo. Um abraço.
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