Por
Adriane Garcia
Terminei
de ler essa belezura que é Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, publicado
pela primeira vez em 1868.
O romance
retrata a vida de uma família durante a Guerra Civil Americana, quando o pai está
na guerra e mãe e filhas têm que continuar a rotina, após perderem grande parte
de seus bens. A solidariedade é destacada como valor comunitário essencial.
A
história se centra nas quatro irmãs, Meg, Jô, Beth e Amy e conta de modo fluido e divertido o mundo de infância e adolescência que é construído à
custa das dificuldades e da imaginação. Louisa May Alcott dá uma aula de
construção de diálogos. Também reserva um papel importante para o vizinho Laurie,
jovem solitário que encontra nas vizinhas a amizade e uma segunda família.
É
interessante como cada irmã tem sua personalidade bem construída o que as torna
verossímeis e reais, com destaque para Jô, uma menina de 15 anos que não quer
ser uma menina nem se comportar como uma mulherzinha. Jô, que protagoniza a história, tem como melhor amigo um rapaz e quer se tornar independente e escritora, ao invés de casar-se.
O livro
foi o primeiro a tratar de uma personagem adolescente desta forma.
Mary May
Alcott foi uma escritora à frente do seu tempo. Não se casou, ganhou dinheiro
com literatura para sustentar sua família (tendo antes passado por diversos
empregos, de governanta a lavadeira de roupas), foi abolicionista e sufragista.
Um
clássico que vale a pena conhecer.
“– Meninas,
não briguem – Meg repreendeu-as. – Vocês gostariam que papai ainda tivesse o
dinheiro que perdeu quando éramos pequenas? – Perguntou, pois se lembrava de
tempos melhores. – Meu Deus! Como seríamos felizes se não tivéssemos tantas
preocupações!
– Outro
dia, você disse que somos mais felizes do que os filhos dos King, que vivem
brigando e se preocupando o tempo todo, a despeito do dinheiro que têm – Beth
lembrou-a.
– Eu
disse, Beth, e acho que somos realmente mais felizes do que eles. Embora tenhamos
de trabalhar, sabemos nos divertir entre nós, somos um “bando alegre”, como
diria Jô.
– Jô usa
cada termo! – Comentou Amy, olhando com reprovação para a irmã estendida no
tapete.
Sentando-se
rapidamente e pondo as mãos nos bolsos
do vestido, Jô começou a assobiar.
– Não
assobie, Jô! Isso é coisa de homem!
– É por
isso que eu gosto!”
***
Mulherzinhas
Louisa
May Alcott
Romance
Ed. Nova
Cultural
edição de 2003
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