Está certo: eu comecei a ler O
apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, por ser um livro obrigatório
na história da literatura e, também, motivada pelo fato de que o escritor Paulo
Bentancur insistiu demais, mas...
... o
livro é daqueles que você pega e não quer mesmo largar. A partir daqui você
passa a lê-lo apenas por que precisa continuar lendo.
O discurso, em primeira pessoa, é
natural e fluido, durante todo o tempo. A atmosfera, absolutamente convincente.
O apanhador
no campo de centeio narra um fim de semana na vida de Holden Caulfield, jovem vindo
de uma família abastada de Nova York. Holden, estudante de um rico internato
para rapazes, tem que voltar para casa mais cedo, no inverno, depois de ter sido
expulso (ele já havia sido expulso de outras escolas, outras vezes, e os pais
esperavam por um progresso escolar). Porém, Holden não regressa imediatamente
para o lar. Entre sexta e segunda-feira (sim, o romance inteiro se passa em quatro dias!), ele perambula por hotéis, cafés,
parques... nós, leitores, o acompanhamos na sua inadaptação, na tentativa de
ser um adulto, na solidão de uma criança solta no mundo e no enfrentamento do
ser consigo mesmo, quando se tem apenas 16 anos e não se gosta de quase nada do
que se vê.
É uma história que mostra como os adolescentes pensam e sofrem, como buscam o afeto,
sem a hipocrisia dos enfeites, dos disfarces.
Compassivos
com o protagonista, perguntamo-nos sobre o que poderá salvá-lo na linha tênue
em que se encontra, torcemos por ele, queremos gritar e gostaríamos que ele
escutasse que não pode ser tudo tão ruim assim. Mas não gritamos. Esse é um daqueles que nos deixa por um bom tempo, depois que terminamos, em silêncio.
Uma
dolorida e emocionante aventura acompanhar a dureza que é crescer.