sábado, 29 de junho de 2013

O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO

        Está certo: eu comecei a ler O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, por ser um livro obrigatório na história da literatura e, também, motivada pelo fato de que o escritor Paulo Bentancur insistiu demais, mas...



         
            ... o livro é daqueles que você pega e não quer mesmo largar. A partir daqui você passa a lê-lo apenas por que precisa continuar lendo.
        O discurso, em primeira pessoa, é natural e fluido, durante todo o tempo. A atmosfera, absolutamente convincente.
           O apanhador no campo de centeio narra um fim de semana na vida de Holden Caulfield, jovem vindo de uma família abastada de Nova York. Holden, estudante de um rico internato para rapazes, tem que voltar para casa mais cedo, no inverno, depois de ter sido expulso (ele já havia sido expulso de outras escolas, outras vezes, e os pais esperavam por um progresso escolar). Porém, Holden não regressa imediatamente para o lar. Entre sexta e segunda-feira (sim, o romance inteiro se passa em quatro dias!), ele perambula por hotéis, cafés, parques... nós, leitores, o acompanhamos na sua inadaptação, na tentativa de ser um adulto, na solidão de uma criança solta no mundo e no enfrentamento do ser consigo mesmo, quando se tem apenas 16 anos e não se gosta de quase nada do que se vê.
           É uma história que mostra como os adolescentes pensam e sofrem, como buscam o afeto, sem a hipocrisia dos enfeites, dos disfarces.
           Compassivos com o protagonista, perguntamo-nos sobre o que poderá salvá-lo na linha tênue em que se encontra, torcemos por ele, queremos gritar e gostaríamos que ele escutasse que não pode ser tudo tão ruim assim. Mas não gritamos. Esse é um daqueles que nos deixa por um bom tempo, depois que terminamos, em silêncio.
           Uma dolorida e emocionante aventura acompanhar a dureza que é crescer.

3 comentários:

  1. nossa - estou tão limitada para ler livros - aqui no computador muita vez aumento as letras, mas fico zonza com este olho que não me obedece - o pior é que adio sempre o telefonema para o cirurgião...

    dicas sempre ótimas do paulo - de ti também. besos
    líria porto

    (antes que entre aquele burrico do blogue espiatório, assino)

    ResponderExcluir
  2. Bela postagem, Adriane. Fiel ao que o livro é, e isso que não é fácil escrever uma resenha acerca da obra-prima de Salinger. Ele foi além do esperado rito de passagem da adolescência rumo a uma juventude mais madura. Fixou esse torvelinho emocional, afetivo. E deu um banho, em termos de linguagem, em 80% dos que assinam seus augustos nomes em volumes apinhados de insinceridades literárias, em discursos, em performances verbais. Lembro quando li essa maravilha. Se tinha uma coisa que o livro NÃO parecia, era ser uma maravilha, tão direto, tão simples, tão honesto... e tão revelador. Uma semana depois que eu o havia lido, caiu a ficha. E o reli. ERA uma maravilha, só que se negando a ter a aparência de uma. Teus post diz e-xa-ta-men-te o que o livro é. E olha que não é mole mesmo dizer, afinal, qual o segredo de O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO e sua consagração. Até no estilo de comentá-lo, tu acompanhas a simplicidade corajosa e humaníssima do romance. Por isso sigo este blog.

    ResponderExcluir
  3. Adriane, sua resenha é, para mim, mais é um convite para ler sem falta (e com muito atraso, confesso) esta obra obrigatória de J. D. Salinger. Grata pela gentileza. beijos

    ResponderExcluir