https://www.youtube.com/watch?v=QLp06R8O9SU
ANTROPOCENO
Está parecendo que eu odeio
a humanidade
Desde que vi as morsas
caindo de montanhas
Em que nunca deveriam ter
subido
As morsas quicando
Uma, duas, três vezes e
caindo estateladas
No meio da multidão de
morsas
Na costa da Rússia, eu
que nunca estive lá
Chorei como quem passava
a amar somente os bichos
E as plantas que cultivo
no meu apartamento
Sob um pedacinho de sol
Que os arquitetos
deixaram por compaixão
Ou por esquecimento
Soube então que faltavam
geleiras às morsas
E que elas agora se
viravam nas pedras
Amontoadas, que algumas
subiam as montanhas e
O resultado já disse
Elas caem e fica
parecendo que eu
Odeio a humanidade
Como se eu não soubesse
que gente
Também é bicho
Como se eu não entendesse
que é preciso amar
A minha própria espécie
Fica parecendo que eu não
compreendo
Que nós caímos quando a
morsa cai.
.
Estive no fim do mundo e me lembrei de você
Adriane Garcia
Poesia
Coleção Biblioteca Madrinha Lua
Ed. Peirópolis
2021
Vídeo de Amanda Ribeiro
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