quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Mulherzinhas, de Louisa May Alcott





Por Adriane Garcia

Terminei de ler essa belezura que é Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, publicado pela primeira vez em 1868.

O romance retrata a vida de uma família durante a Guerra Civil Americana, quando o pai está na guerra e mãe e filhas têm que continuar a rotina, após perderem grande parte de seus bens. A solidariedade é destacada como valor comunitário essencial.

A história se centra nas quatro irmãs, Meg, Jô, Beth e Amy e conta de modo fluido e divertido o mundo de infância e adolescência que é construído à custa das dificuldades e da imaginação. Louisa May Alcott dá uma aula de construção de diálogos. Também reserva um papel importante para o vizinho Laurie, jovem solitário que encontra nas vizinhas a amizade e uma segunda família.

É interessante como cada irmã tem sua personalidade bem construída o que as torna verossímeis e reais, com destaque para Jô, uma menina de 15 anos que não quer ser uma menina nem se comportar como uma mulherzinha. Jô, que protagoniza a história, tem como melhor amigo um rapaz e quer se tornar independente e escritora, ao invés de casar-se. 

O livro foi o primeiro a tratar de uma personagem adolescente desta forma.

Mary May Alcott foi uma escritora à frente do seu tempo. Não se casou, ganhou dinheiro com literatura para sustentar sua família (tendo antes passado por diversos empregos, de governanta a lavadeira de roupas), foi abolicionista e sufragista.

Um clássico que vale a pena conhecer.


“– Meninas, não briguem – Meg repreendeu-as. – Vocês gostariam que papai ainda tivesse o dinheiro que perdeu quando éramos pequenas? – Perguntou, pois se lembrava de tempos melhores. – Meu Deus! Como seríamos felizes se não tivéssemos tantas preocupações!
– Outro dia, você disse que somos mais felizes do que os filhos dos King, que vivem brigando e se preocupando o tempo todo, a despeito do dinheiro que têm – Beth lembrou-a.
– Eu disse, Beth, e acho que somos realmente mais felizes do que eles. Embora tenhamos de trabalhar, sabemos nos divertir entre nós, somos um “bando alegre”, como diria Jô.
– Jô usa cada termo! – Comentou Amy, olhando com reprovação para a irmã estendida no tapete.
Sentando-se rapidamente  e pondo as mãos nos bolsos do vestido, Jô começou a assobiar.
– Não assobie, Jô! Isso é coisa de homem!
– É por isso que eu gosto!”


***

Mulherzinhas
Louisa May Alcott
Romance
Ed. Nova Cultural
edição de 2003



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